Chiq da Silva

A Associação Chiq da Silva surgiu a partir do “Workshop Chiq da Silva”, realizado em dezembro de 2006, onde 30 estudantes de arquitetura e arquitetos recém formados se reuniram para pensar e projetar soluções para a Ocupação Chiquinha Gonzaga a pedido da CMP (Central de Movimentos Populares).

Em 2004, algumas famílias de baixa renda e que não tinham onde morar, ocuparam de forma organizada o imóvel do INCRA, próximo à Central do Brasil. O projeto tinha como objetivo transformar o imóvel em habitação de interesse social com 66 apartamentos e espaços culturais e de convívio no térreo e sobreloja que pudessem gerar renda aos moradores.

Após o workshop, os arquitetos Carol Rezende, Daniel Wagner, Gilberto Rocha , Luciana Andrade, Mauricio Duarte e Thais Meireles perceberam que esse dilema urbano precisava ser aprofundado: Haviam muitos imóveis públicos abandonados no centro do Rio e muitas pessoas sem lugar para morar. Além disso, outras ocupações entraram em contato solicitando projetos. Nesse momento, eles criaram a Associação Chiq da Silva, um coletivo de arquitetos disposto a projetar para a população de baixa renda de forma participativa e que acreditava ser possível melhorar o déficit habitacional utilizando imóveis abandonados em regiões centrais da cidade.

Ao longo dos anos, a Associação desenvolveu projetos em parceria com o Ministério das Cidades, a Secretaria Estadual de Habitação, Instituições ligadas ao Direito à Habitação e os Movimentos Sociais de Luta pela Moradia do Rio de Janeiro. Recebeu importantes prêmios como Menção Honrosa Prêmio CAIXA-IAB 2009 com o “PROJETO GAMBOA: edificação multifamiliar de interesse social em áreas centrais”; Prêmio de melhor projeto do ano de 2007 na categoria “Edificação residencial unifamiliar e multifamiliar” na 45° Premiação Anual do IAB/RJ – Instituto dos Arquitetos do Brasil com o projeto de Reforma da Ocupação Chiquinha Gonzaga. Foi um dos escritórios selecionados no Concurso Morar Carioca, promovido pela Prefeitura do Rio e convidado a expor na 7° Bienal Internaciona l de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.

Projetos

Ocupação Chiquinha Gonzaga | Retrofit de edifício abandonado

O objetivo do projeto era transformar uma edificação abandonada de propriedade do INCRA, no centro do Rio Janeiro, em uma edificação de Habitação de Interesse social com 66 apartamentos e um espaço de geração de renda e apoio às famílias no térreo e sobreloja. O Projeto tinha a CMP (Central de Movimentos Populares) como parceira.

Premissas do projeto:

  • Desenvolver o projeto de forma participativa junto com os moradores da Ocupação;
  • Criar espaços de desenvolvimento e geração de renda para os moradores como creche, lavanderia, cozinha coletiva, sala de assembleia, biblioteca e salas multiuso;
  • Desenvolver 03 tipologias de apartamento para que cada morador pudesse personalizar seu espaço;
  •  Buscar soluções de sustentabilidade como reuso de água de chuva e utilização de uma fachada Plug-in que permitisse sombreamento e melhor ventilação das unidades habitacionais.

O projeto começou de maneira voluntária com o “Workshop Chiq da Silva” em 2006 e foi desenvolvido até o Projeto Executivo com o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS.

Quilombo da Gamboa | Edificação multifamiliar nova

Projeto de 116 unidades habitacionais em edificação de 04 pavimentos na zona Portuária do Rio de Janeiro em terreno que pertencia a União. Este projeto foi contemplado pelo Programa de Habitação de Interesse Social do Ministério das Cidades, através da Ação de Apoio à Produção Social da Moradia operada com recursos oriundos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS.

O projeto tinha a Fundação de Direitos Humanos Bento Rubião como entidade organizadora, e contava com os movimentos de moradia Central de Movimentos Populares/CMP e a União Nacional por Moradia Popular/UNMP como grandes parceiros.

A implantação da edificação busca valorizar o diálogo com a cidade, por isso os acessos serão através de galerias externas que terão dupla função: além de funcionarem como circulação, servirão de proteção solar nas fachadas mais comprometidas pela incidência dos raios solares. Outra premissa do projeto foi a ventilação cruzada. A edificação é estreita, permitindo que os apartamentos ocupem toda sua profundidade, abrindo janelas para ambos os lados e incentivando a circulação do ar.

Seguindo uma prática presente no movimento popular que é o desenvolvimento do “coletivo”, o projeto de arquitetura criou espaços comunitários. O programa com a finalidade destes espaços de uso comunitário e dos espaços livres descobertos foi discutido com os futuros moradores em assembleias.

Assim como em outros projetos da Associação Chiq da Silva, a intenção foi trabalhar com quatro escalas de intervenção: o edifício, promovendo espaços de qualidade e funcionais; o indivíduo, proporcionando através da arquitetura um desenvolvimento humano e das relações; o entorno, incentivando o diálogo da vizinhança com o prédio e voltando o prédio para a rua; e o mundo, com idéias de sustentabilidade ambiental. Neste caso, foi proposto reutilização da água da chuva e telhado verde, além de proporcionar melhoria dos sistemas de ventilação e iluminação naturais.